quinta-feira, 14 de junho de 2012

TAINHA ELA MERECE

rodrigodeca@gmail.com Vale a pena repetir. Tainha é o nome genérico dado aos peixes da família dos mugilídeos que reúne 80 espécies divididas em 17 gêneros distribuídos em mares das regiões temperadas, foz de rios, lagoas e até em água doce. A que ocorre na costa brasileira tem o nome de “Mugil Cephalus”. É chamada de mugem, fataça ( Portugal), tainha ( Brasil), mulet ou muge (França). Diante de discussões no mundo científico que se ocupa destes nomes, em 1960 classificou de perciforme. É conhecida a sua participação na alimentação humana através de relatos oriundos do Império Romano que dão conta do seu consumo em todo Mediterrâneo. Esta chegando a temporada outra vez. A espera é angustiante e os pescadores se organizam nas praias, remendam as redes, verificam as chumbadas, reforçam os nos e aducham os cabos. Revisam as embarcações em todos os detalhes e renovam a pintura. São construídos ranchos sobre a praia onde estes aventureiros permanecem em constante plantão durante a temporada. O olheiro em geral mais velho, mas, grande conhecedor da superfície do mar, logra visualizar o cardume que se aproxima e faz o corso ao longo da praia. Este é o momento de se realizar o cerco. Esta forma de pescar tem gerado polemica pois alguns chamam de “lance” e outros chamam de “lanço”, é uma discussão interessante de gramática buscando a origem do termo. De qualquer forma, as canoas são retiradas dos cofres, na sua maioria centenárias, mesmo porque hoje o garapuvu, árvore com a qual se as fazem, já não pode mais ser derrubada. É uma planta interessante que floresce abundantemente com flores amarelas e colore as matas com suas copas exuberantes. Produz uma vagem com uma semente achatada dentro. Amadurece, seca e abre, largando ao vento um envelope que viaja longe girando freneticamente até tocar o solo de onde sai uma baga achatada e ovóide. Esta baga é largamente usada em artesanato até mesmo como ficha de jogo. As crianças se divertem esfregando-a no chão e tocando no amigo que leva susto com a temperatura que ela alcança e retém. As embarcações são batizadas com nomes variando entre o afetivo familiar, homenagem ou pilheria. Tem uma tripulação de sete pessoas com quatro remadores, dois manobrando a rede um pelo cabo (corda) e outro pela chumbada e o sétimo geralmente o proprietário da “emenda”, que governa e dirige o barco com pequeno remo e com grito próprios determina os passos do arrastão. Na temporada da tainha tudo se transforma. A produção é limitada à praia, sofrendo competição dos barcos de pesca profissionais, equipados com instrumental que leva grande vantagem sobre os artesanais. Talvez não tenha outra pesca de temporada mais importante é tão esperada como esta, pela fartura, seu produto gera um incremento na economia do pescador que permite regularizar seus compromissos. Desconheço se o papel que representa na nossa região se repete de maneira tão intensa em outros lugares. O aspecto social é muito grande com interferência em todos os setores e camadas sociais do litoral catarinense onde ela é pescada. Em todo trajeto há a desova com a conseqüente fecundação dos ovos e proliferação. Em locais favoráveis os pescadores as apreendem com suas tarrafas muito bem manejadas que são atiradas, se abrem e afundam na água criando movimento de dança como um balé repleto de graça, cadencia e harmonia. Elas quando aqui cruzam, estão gordas em torno de dois quilos com ovas e outras mais magras porque já desovaram. Existem tainhas que se desenvolvem retidas em águas locais, não tem o mesmo sabor e são rejeitadas porque não são do corso. Após a descoberta que a fruta da aroeira é a pimenta rosa do Frances passamos a governar a tainha, preparamos a farofa com as ovas e após salgar cobrimos seu corpo com maionese e sementes de aroeira, levamos ao forno e deixamos a assar até ficar dourada sem secar. Em Florianópolis é uma honra conseguir comer tainha do primeiro arrastão e a pergunta que se faz é a seguinte – Já comestes a tua tainha? O forte cheiro que exala ao ser frita ou assada denuncia seu consumo em todos os cantos da cidade. A população se mostra alegre porque a tainha chegou. Referência- Dados técnicos. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tainha

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