sábado, 28 de maio de 2011

O entrudo

O Entrudo Popular
O entrudo deriva de manifestações festivas na antiguidade, envolvendo as figuras de deuses como Saturno (romano) e Dionísio (grego) com festas populares em sua honra e que sofrem variações até os dias de hoje. Acontecia tres dias antes do inicio da Quaresma com registros do século XIII, eram utilizadas roupas diferentes das usuais, estravagantes, de cores chamativas que representavam as fantasias do folião.
Com o nome advindo do latim da palavra “introitus” que por metafonia consagrou como entrudo e queria dizer introdução ao período da quaresma. Como parte das festas eram jogados liquidos uns nos outros.
Usando apenas água limpa, era praticado dentro das casas de familia e na corte, todavia entre a população eram atirados todo tipo de líquidos e até água.
Em Portugal na região Trás-os-Montes, na cidade de Lazarim hipertrofiou o habito do uso de máscadas de madeira com chifres diabólicos e ou traje colorido conhecidos como os caretos como mostram as figuras acima.
No Brasil o folgedo foi trazido com a corte e na época de 1608 já foi tentado proibir o entrudo por ser considerado violento enquanto na verdade, se limpo, era apenas incoveniente. Durante muito tempo as máscaras por questão de segurança eram proibidas.
“Em 1857, as crônicas carnavalescas divulgavam, em tom triunfal, a vitória da máscara sobre o entrudo, com características das maneiras carnavalescas italianas, como os bailes de máscaras. Claudia Lima”
Neste momento elas foram introduzidas nos salões atraves dos bailes de máscaras bastante difundidos em toda Europa e trazido também para o Brasil.
Foi na cidade do Rio de Janeiro, por volta de 1840, então sede do Governo Imperial, que se realizou o primeiro baile público de máscaras do Brasil.
Debret e Rugendas pintores do Brasil Império, artistas encarregados de registrar tudo, deixaram inúmeras aquarelas, gravuras e pinturas destas manifestações populares.
O nome carnaval iniciou mais tarde tendo como origem a conjugação das pelavras do latim “ carnis (carne) + vale (adeus)” significando o início da quaresma e da abstenção de carnes na dieta. O entrudo apesar das tentativas de proibição continuou, embora em menor escala. Diante da mistura de costumes ocorrida pela migração com o crescimento das cidades foi perdido o grau de intimidade que reinava enquanto pequenas comunidades, o que contribuiu para a redução da sua prática. Pelas suas características induzem à reações adversas, por vezes levando à luta corporal, estes problemas fizeram com que o entrudo fosse pouco a pouco abandonado.
Em algumas cidades se mantem em manifestações isoladas como o “mela-mela” de Olinda e entre os “ pipocas” povo que segue o trio elétrico em Salvador com bolas de cêra repletas de água de cheiro ou apenas água.
Busquei todas estas informações como conexão para falar do entrudo na praia da Jaguaruna ou Arroio Corrente.

domingo, 22 de maio de 2011

Emerita brasiliensis Tatuira ou Tatuí

Emerita brasiliensis
Tatuí – (tatu) tatu e (i) água, tatu da água ou tatu d´água.
A palavra tatuíra esta fora do dicionário Tupy-guarani- português de Silveira Bueno, todavia é empregada entre nós na região sul, pois acima do Paraná é conhecida como Tatuí.
Houaiss em seu dicionário define tatuíra como sendo um tipo de tatu da região que envolve, Bolivia, Paraguay, Brasil, Argentina e também crustáceo que habita as praias brasileiras em quase toda sua totalidade.
É um crustáceo que tem esqueleto externo de forma ovóide formando dorso e laterais, e na face ventral encontramos os membros em numero de dez e placas rígidas compondo seu corpo. Seu habitat é a borda da praia, geralmente aberta para o oceano com fortes ondas onde a água termina penetrando na areia.
De cor branco – acinzentada, tem as margens de cada elemento mais escuras que o seu centro e deixa-se levar pelas águas que sobem na praia, quando a onda baixa retornando ao mar, habilmente penetra na areia. Servindo-se dos seus membros e das placas que contornam o extremo posterior, ela penetra na areia do fundo. Na outra extremidade elas têm os olhos na ponta de dois finos cilindros ladeados por dois espigões pontiagudos e a estrutura bucal com dois elementos plumados que lhe permite coletar plânctons. Ao se introduzir parcialmente na areia estas estruturas ficam à mostra. Ela vive em colônias que ocupam em torno de dois metros quadrados da superfície, uma ao lado da outra, ocupando grande extensão da praia.
Por vezes fica impossível caminhar sobre elas em razão dos espinhos que picam ou perfuram a sola do pé. No ciclo de sua reprodução, produz grande quantidade de ovos que são acomodados no ventre entre as patas, protegidos pela placa que reflete da casca superior. Neste momento armazena grande quantidade de gordura e nutrientes de cor laranja- avermelhada ao longo do dorso e ventre. Demora cerca de três meses desde pequenas até seu tamanho máximo em torno de 4 cm. Costuma ficar em camadas deferentes em que as menores ficam na superfície e as maiores se estabelecem mais abaixo.
A cada etapa de seu crescimento ela troca sua casca permanecendo curto período com a alteração que a deixa conhecida como tatuíra de “casca mole”. Sua presença em abundância significa que a praia é limpa e livre de poluição.
Sua pesca é feita cavando a areia da praia e recolhendo os animais.
É utilizada como isca para pesca de linha, carretilha ou espinhel, a de casca mole é a preferida. Quando pescada deve ser reunida em recipiente de tela ou com orifícios para que desprenda a areia.
A intensa curiosidade do homem o fez pesquisar a maneira de introduzi-la na arte culinária. Uma vez pescada a primeira ação é colocar a tatuíra em coador ou escorredor e deixar mergulhada em água doce pelo tempo necessário para a areia ser eliminada.
A de tamanho menor é tostada em óleo ou manteiga e servida como tira gosto. Para tanto basta dourar em frigideira deixando-a crocante. Come-se inteira, torrada e salgada como se pipoca fosse. Com as maiores se prepara um excelente caldo que fica supimpa quando elas estão ovadas e pode ser preparado segundo a orientação que se segue.
Para dois quilos de tatuíra, descascamos e picamos finamente três a quatro cebolas médias, três tomates maduros, quatro dentes de alho, pimenta do reino, água e sal a gosto. Reunimos tudo numa só panela sem refogar o tempero e deixamos cozer até extrair bem o sabor e ao final acrescentar manjericão ou alfavaca. Graças à ova, cor e sabor são inesquecíveis.
Com amassador de feijão trituramos bem a tatuíra e os temperos até que estejam todos bem macerados. Não utilizamos liquidificador porque as cascas moídas finamente representam permanência de areia e depõe contra a qualidade da sopa. Coamos o caldo espremendo o conteúdo da panela em um pano para retirar apenas o caldo. Depois dependendo de cada cozinheiro ou gosto familiar pode ser engrossado com amido ou farinha de trigo.
O caldo pode ser servido em xícara ou prato como sopa ou utilizar para cozer arroz, fazer caldo de peixe, enfim, atende a toda criatividade.
Tem sabor de tatuíra que se coloca entre siri, lagosta e camarão, mas, com seu toque particular.
Aproveitem esta iguaria pela raridade do seu sabor, talvez o melhor dos mares.