segunda-feira, 23 de abril de 2012

O vinho 2

O vinho como já vimos é um produto que nasce naturalmente da fermentação dos açucares de frutas. Quando seu índice de frutose (açúcar) é baixo não existe a transformação em álcool na concentração ideal. A correção deste índice com açúcar de cana (sacarose) produz reação contaminada com alto índice de metanol além do etanol o que desqualifica o vinho. O ideal é quando o tempo se apresenta seco, com baixo índice de precipitação e sol abundante, pois o grão químico da uva amadurece concentrando suas qualidades com nível de frutose elevado favorecendo a fermentação. As regiões da terra onde chove pouco e tem nas proximidades formação de gelo no alto das montanhas é abençoado. Ao derreter, a água se distribui infiltrando o sub-solo e atingindo as raízes das parreiras na profundidade deixando a superfície seca e ensolarada que como conseqüência exacerba as propriedades das uvas para o vinho. Isto acontece e beneficia o Chile e a Argentina junto aos Andes que produzem suas uvas no altiplano andino próximo a 700 metros de altitude com umidade profunda farta e sol abundante na superfície. A mesma casta de uva varia segundo a região alterando seu potencial e sua vocação pelo tipo de solo conhecido por “Terroir”. Existem solos mais ácidos e solos menos ácidos estas características são transferidas para o grão químico (uva) que vai produzir bebida mais ácida ou menos ácida com níveis diferentes de teor alcoólico. Por esta razão o vinho verde produzido em Portugal é muito difícil de ser obtido em outra região que seja diferente daquela lusitana. O tipo de uva pelo seu conteúdo líquido, polpa e casca definem cor, sabor, aroma, etc, qualidades organolépticas desta tão nobre e cultuada bebida. Por exemplo, na fermentação afastando a casca escura da uva tinta (no caso “pinot noir”) o vinho resultante será branco e o champagne é o seu exemplar mais representativo. Todas estas qualidades permitem que o vinho seja armazenado por maior e menor tempo, processo que depende do teor de álcool, corpo e nível de açúcar. Em média, o vinho tinto, resiste com boa qualidade até três anos enquanto os brancos sobrevivem bem durante 2 anos. Alguns de grande qualidade resistem mais tempo como o Porto pelo nível de álcool e o mais doce como o Sauterne chegam a alcançar até 70 anos de idade. Os vinhos brancos em geral são claros com cor amarelo/ esverdeada, embora existam alguns quando muito amarelos estão velhos ou vencidos. Os tintos modificam sua cor para bordô escuro, turvo com as bordas alaranjadas de sabor agressivo, conhecidos como maderizado ou decreptos. Na antiguidade usavam ânforas de barro que armazenavam por tempo não muito prolongado utilizando até azeite para impedir o contato com o ar e oxidação. Hoje muitos são os recipientes construídos com madeira (tonéis, bordalesas, barris) onde a madeira interage interferindo nas qualidades organolépticas do vinho ao permanecerem estacionados por algum tempo antes de serem transferidos para garrafas. Estes envases tem formas variadas guardando detalhes como gargalo longo para receber uma rolha longa e fundo deprimido para suportar pressões e indicam qualidade do produto que armazenam. Na busca de isolar o néctar do ar e evitar a oxidação muitos materiais são utilizados, as primeiras rolhas foram elaboradas utilizando a cortiça. Muitas árvores ou arbustos produzem a casca com espessura suficiente para recortar as rolhas que conhecemos. O sobreiro é abundante em Portugal na região do Alentejo e serras de Algarvias, é a árvore de cuja casca se retiram a cortiça. Da casca que tem cerca de três centímetros de espessura são cortadas tiras que variam de 2 a 6 cm de largura e os tampões são produzidas em cortes cilíndricos paralelos ao espaço entre suas faces externa e interna e determina assim o tamanho da rolha. Quanto mais longa a rolha melhor a conservação do vinho. Outros materiais estão sendo utilizados com a mesma finalidade desde aglomerados de cortiça, borracha, plástico, silicone, etc cada qual com suas características particulares. As garrafas devem permanecer em ambiente escuro, deitadas para manter as rolhas de cortiça úmidas e inchadas impedindo o contato do vinho com o ar. Mantido o tempo certo, conservado em local tranqüilo, silencioso, sem vibração ou variação brusca de temperatura, Baco permitirá uma bela degustação.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Serras Catarinenses

As serras catarinenses
Da região de Passo de Torres/Praia Grande até a serra de Corupá que leva a São Bento do Sul, vimos observando as belezas e riquezas naturais que integram a serra catarinense.
Guardando uma distancia entre o mar e a montanha em torno de sessenta quilômetros no sul que reduz a medida que alcança o norte do estado. As montanhas que se acercam ao mar tornam nossa costa recortada com lindas praias. As serras na verdade foram colonizadas por pessoas que se utilizavam na sua origem de aparelhos industriais ou industrializados. Conheciam o vapor e a hidráulica. Sem nenhuma proteção, foram distribuídos pelas nossas montanhas e de uma ou outra forma se auto- abasteceram. Montaram seus martelos, machados, tafonas e engenhos hidráulicos, movidos à água, ingressaram na metalúrgica e fizeram seus utensílios de marcenaria, carpintaria, alambiques, atuaram na indústria de vinho que decaiu depois da peste da filoxera. O tempo passou e o relevo acidentado sempre dificultou a integração entre os habitantes deste território. A maior riqueza na verdade é a obra da natureza que dotou a região com as mais variadas condições, como os aparados, cânions, encostas, pedras e matas. Os rios que dela nascem tem tamanhos e volumes de intermediários a pequenos, com águas claras correndo entre pedras formando grande numero de lindas cachoeiras.
O primeiro é o rio Mampituba (do guarani que significa corrente de água dentro d’água) que nos separa do Rio Grande do Sul junto ao litoral e se origina nas encostas e no cânion Taimbezinho o maior de todos e corre dentro de um alagado.
Os Aparados da Serra coletam água da umidade do ar que vem do mar e dos banhados que se formam na parte do altiplano onde nas zonas de nevoeiros esta suspensão se deposita.
Em linha quase reta esta formação segue em direção norte de Torres ate Timbé do Sul. Em cada corrida de água a erosão forma os vários cânions que lá existem sendo o mais conhecido aquele que recebe o nome de Taimbezinho em que a parte do leito na profundidade é Santa Catarina e a borda no planalto é no Rio Grande do Sul.
As montanhas mudam sua direção para leste e se dirigem assim até próximo a Lauro Muller onde retornam ao rumo norte.
Nesta altura temos uma grande obra em concreto que é a travessia dos aparados pela Serra do Rio do Rastro que se dirige a São Joaquim e todo planalto com altitude acima de 1200 m.
Em todo este trecho descrito da nossa geografia se existisse uma estrada asfaltada do tipo vicinal que permita transito local sem necessitar das características de grandes rodovias, iguais àquelas pequenas que existem em toda Europa.
Este recurso permitirá às pessoas criarem seus aproveitamentos como restaurantes, pousadas, hotéis, artesanato, fabricas, organizações de recantos com suas cascatas, pequenos lagos, etc. Na altura de Grão Pará a estrada atual, de barro, se dirige para oeste e ao aproximar das montanhas, onde belo trabalho de engenharia permite cruzar a serra do Corvo Branco por um corte abrupto na rocha com oitenta metros de altura em suas paredes e sinuoso segmento em difícil subida, para chegar ao planalto acima de 1500m.
Neste ponto estamos próximos ao Morro da Igreja, ponto mais alto do sul do país, com seus 2200m que alberga a estação da Sindacta e expõe uma rara obra de arte da natureza que é a Pedra Furada. Logo alcançamos Urubici, produtor e beneficiador de madeira, nas atividades agrícolas dedica-se ao cultivo de maçãs, milho e subsistência. Abastece importantes mercados com suas trutas. Destacando-se na elaboração do único vinho do Brasil elaborado a partir de uva que já esteve congelada o “ice wine” alem de belo e disputado espumante da vila de Pericó.
Ao longo do restante da serra ate Rancho Queimado cruza por Rio Fortuna, Santa Rosa de Lima, Anitapolis que alem das jazidas de fosfato existem composições pitorescas da natureza com rios e cachoeiras de rara beleza que permitem as mais diversas possibilidades de uso, mas, faltam estradas.
A estrada poderia chamar-se no sul “Rota dos cânions” de Praia Grande ate Rancho Queimado, de Angelina ate Vigolo e Nova Trento pode ficar conhecida como a “Rota da Santa” e depois até São Bento do Sul a “ Rota do Progresso” ou em seu total como “ Rota da integração das montanhas ou serras Catarinenses”.
“Rota do Altiplano Catarinense”.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Divulgação médica

A Resolução CFM nº 1.974/2011

Divulgação Médica
Sem qualquer dúvida estamos além do tempo em que carroças chegavam às vilas divulgando suas poções e as vendiam prometendo inúmeras funções milagrosas que não aconteciam e nem ali estava mais o charlatão no momento desta constatação.
Mesclando as civilizações usos, costumes, drogas naturais, sintéticas e chás, os milagres cruzaram fronteiras.
Hoje envolvidos no interior desta Babel a população clama por seriedade e eficiência.
O médico por sua vez, muda seu comportamento segundo a tecnologia que o absorve e os recursos de que dispõe.
Isto não o torna diferente daqueles que manejavam suas carroças a não ser através de um código que orienta, coaduna convivência, e coordena o exercício do oficio e a ética.
No início quando eram apenas dois indivíduos foi estabelecido por eles a forma de coexistir, depois os filósofos estudaram-na, definiram e a denominaram de ética.
Assim como existe também é desrespeitada por alguns cujos motivos são os mesmos, avidez, orgulho e poder.
A necessidade de controlar a atividade medica fez com que se criasse a instituição e com ela o seu código de ética como mecanismo de regulação.
Enquanto o médico atendia seus pacientes e deles recebia seu sustento, havia razões e circunstancias para estreitar a relação médico/paciente.
Quando iniciaram as instituições o médico passou a ser funcionário com carga horária definida e controlada por terceiros, desaparecendo este elo e transformou o paciente em apenas usuário.
Neste momento o médico passou a prestar serviço e não mais a dedicação.
O paciente é mais um e o médico é mais outro.
Como há ainda a possibilidade do trabalho privado direto com o paciente que deseja esta situação, hoje regalia, o profissional vai à luta por maior divulgação de seu nome e de suas aptidões. Prepara um espaço sofisticado que aumenta seu custo, para tanto ele necessita utilizar as várias formas de divulgação que o cercam, para angariar clientes.
Primeiro faz seu cartão de visitas, material de propaganda depois seu consultório, contrata funcionário e profissional da mídia, pois vem a necessidade de pagar suas contas.
Neste momento se não tiver uma crença muito grande na responsabilidade da profissão que escolheu, apenas usufruirá das permissividades que ela proporciona.
Cada um opta por reger-se na mesma proporção em que a sua educação familiar o fez acreditar.
Para exercer este controle foi editado o Decreto nº 20.931 de 11 de Janeiro de 1932 e expedido pelo então presidente Getúlio Vargas com a intenção de orientar a atividade dos profissionais afetos à saúde.
Em dez anos o mesmo Getúlio Vargas com outro decreto Lei nº 4.113/42 ampliou a abrangência do anterior.
Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958, e pela Lei nº 11.000, de 15 de dezembro de 2004, criam e conferem ao Conselho Federal de Medicina o direito de habilitar e legislar sobre o exercício da profissão.
Segue a promulgação da Resolução CFM 1036/80 substituída pela resolução n.1701/2003 com a mesma função de coordenar a atividade do médico. Em pouco tempo a globalização da mídia e o avanço nacional da tecnologia gerou a necessidade de evoluir e ocupar os espaços das normas vigentes sendo então criada a Comissão Nacional de Divulgação Medica ( Codame Federal) que em reunião em Florianópolis recebeu a incumbência de elaborar a nova resolução.
Após dois anos foi redigida a Resol. CFM 1974/2011, aprovada em sessão plenário do CFM em 14 de julho de 2011 e publicada no DOU em 19/08/2011 com a finalidade de atuar em assuntos de alcance nacional e elaborar esta resolução que entrará em vigor em 180 dias. A divulgação antecipada tem por finalidade permitir que todos tenhamos tempo para adaptar nossos impressos de consumo nas clínicas, hospitais ou consultório.
A resolução: Estabelece os critérios norteadores da propaganda em medicina, conceituando os anúncios, a divulgação de assuntos médicos, o sensacionalismo e as proibições referentes à matéria.
Entendendo que não há o impedimento de divulgar a medicina ou seu trabalho, acreditamos totalmente na necessidade do controle de abusos para evitar desmando e concorrência desleal. Já esta editado o manual de bolso com o nome “Regras para publicidade médica” apresentado junto com a discussão durante todo o dia 30 / 11 / 2011 item por item da resolução a vigorar a partir do dia 12 / 2 / 2012.
Concluo com a apresentação do parecer do Cons. José Abelardo Garcia de Meneses à CONSULTA CFM Nº 6.228/98 PC/CFM/Nº 63/1999 sobre o uso da internet que apesar de vigir naquele momento a resolução 1036/80, assim mesmo é atual e não é anulado com a atual.
Naquele momento o autor não via falta ética desde que o uso da internet seguisse os ditames do Código de Ética Médica e as resoluções pertinentes.