terça-feira, 9 de agosto de 2011

O que fazer com o siri

O que se pode fazer com siri?
Primeiro cuidar para não receber uma mordida que machuca e dói.
Quando a pescaria era farta se retornava cedo com o saco de siris que em latas de querosene eram cozidos sobre fogueiras no quintal, seguido de rústico, mas, delicioso banquete repleto de curiosos instrumentos ou taboinhas para quebrar as garras. Acompanhava caipira, cachaça ou cerveja naquela época era fabricada em Tubarão, numa cervejaria locada a margem da estrada da Guarda próximo ao morro do Formigão junto ao pilar sul da ponte da BR101 sobre o rio do mesmo nome.
Quando pescado a noite resiste com vida até o dia seguinte, assim alguns exemplares eram guardados para fazer o “arroz de siri”, eventualmente chamado de rizoto, a ser servido no almoço.
Para este prato primeiro se limpa o siri crú, separando as garras e as pernas. Depois levantando e retirando a oveira, aparece um orificio longo que permite segurar firme a casca com uma mão e com a outra o corpo. Ao levantar a carapaça separando-a do corpo, abre-se e expõe uma cavidade na parte central ladeada pelos hemicorpos que são recobertos por uma formação filamentosa. Retiram-se as estruturas esponjosas que são os pulmões, cortam-se ao meio separando em dois corpetes. O conteúdo deste espaço pode ser aproveitado ou não, pois a maior parte é gordura e ova que estão ali armazenados. Existem algumas pessoas que acreditam ser este conteúdo dejetos e excretas, portanto, a sua utilização depende do credo de cada um, mas, se aproveitarem lograrão maior sabor.
Para o arroz, aproveitamos as garras, o conteúdo cremoso, os corpos com as pernas e coletamos raspando o restante da ova metida nos cantos da casca na intimidade das pontas laterais.
Juntamos tudo ao tomate, pimentão, cebola e alhos, refogados com pimenta do reino que quando devidamente cozidos e com o sal regulado recebem siri, arroz e água em volume suficiente para cobrir tudo com dois dedos horizontais.
O manjerição ou a alfavaca são regionais e opcionais. Como em toda cozinha os volumes dos temperos é a gosto e não devem cobri o sabor do elemento motivo do prato, neste caso o siri.
Tampar a panela e deixar cozinhar até que o arroz esteja pronto. É um prato do tipo lambe/lambe pois deve-se comer também com as mãos para melhor aproveitar do siri tudo que ele pode dar e depois lamber os dedos.
Nestes casos é bom colocar lavandas, pequenas tigelas com água e gotas de limão para limpar os dedos. Os guardanapos podem ser de papel absorvente.
Outra forma de preparar esta iguaria é o “suflê” que preparado refogado junta-se com a carne do siri, creme de leite ou leite de coco, clara em neve misturando levemente. Assar em forno pré aquecido (180/200°C) em recipiente individual ou travessa refratária.
O quitute mais comum é o “croquete” em que a massa é frita em bolas.
A “casquinha de siri” é a carapaça preenchida com massa de carne de siri coberta finamente com farinha de rosca, frita até dourar mergulhada em óleo bem quente.
Sua carne pode ser usada sozinha em maionese de batata ou misturada com camarão.
Não podemos esquecer do excelente omelete, da saborosa fritada e nem do pastel ou empada de siri ensopadinho.
Aqui em Florianópolis, na paria da Joaquina, nasceu um grande croquete a base de siri, batizado pelos surfistas de “torpedo”, assim conhecido pelo seu tamanho, conteúdo e capacidade alimentícia.
De todos os tipos de siri que existem, o “garra azul” é o mais cobiçado pois tem mais carne e melhor sabor.
O siri tem a oveirade forma triangular que fica por baixo e atrás, larga quando é fêmea e triangulo estreito quando macho.
Consute meu Blog : “Rodrigo d´Eça Neves; Cirurgia Plástica Dúvidas, Soluções e Humor.”

Pesca de siri

Pesca de siri

Nome científico - Callinectes arcuatus
Os siris classificam-se cientificamente como Crustacea (carapaça dura) Decapoda (dez patas) Brachyura (cauda reduzida) da família dos portunídeos
Siri, crustáceo que vive no fundo do mar. Tem sua origem e reprodução em lagunas com águas rasas ou foz de rios onde a salinidade é mais reduzida. Assim chamados são muitos os tipos de siri. O chita” é aquele que tem cor branca com pontos castanhos espalhados na casca e pernas. Em águas mais profundas tem o “centelha” que aparece pequeno entre nós e muito grande na região do pólo sul com o nome de “centolha “. Difere do caranguejo que é próprio dos mangues e daquele das pedras conhecido como “goiá” estes tem as garras de tamanho diferentes.
Todos são extremamente apreciados na culinária praiana sendo servidos cozido ao natural ou com a carne desfiada compondo inúmeros pratos.
As lagoas do Encantado, Imaruí e Camacho na região sul do estado são dois criadouros naturais de siri que ganham o oceano nas barras do Encantado na praia do Ferrugem, Mar Grosso em Laguna e do Camacho junto ao farol de Santa Marta.
Junto a acidentes como pedras há uma maior aglomeração, destes animais porque ali encontram mais proteção e alimentos.
Comedores que são de detritos biológicos sem dieta definida, alguns vagam a noite pela orla do mar entre as ondas no afã de encontrar alimentos. Vivem semi afundados na areia de onde saem e voltam na sua caça constante por alimentos. Na escala zoológica são alimentos de alguns peixes como, garoupa, mero, borriquete, miraguaia ou outros como o homem.
Na região da praia da Jaguaruna que fica 23 km ao sul do farol de Santa Marta, é pescado a noite de diferentes maneiras.
Na sua captura é utilizada rede de arrasto tipo feiticeira, tarrafa ou “coca” em algumas regiões conhecida como “puçá” que consta de um cabo longo de madeira, bambu ou outro material, terminado por um aro de metal que sustenta e mantém aberta uma rede.
Primeiro era utilizada a coca de arrastar como um ancinho em que se montam um retângulo de ferro para fixar o cabo e a rede, este instrumento permite pescar sem luz sendo mais proveitoso quando utilizado em dia de lua cheia.
O outro formato é como o puçá com um anel de ferro fixado ao cabo que acomoda e modela o saco de rede sendo a modalidade que exige a utilização de luz.
Hoje com estas pequenas lâmpadas LED tão eficientes, tornou-se mais fácil.
Nós utilizávamos um facho em que uma quantidade de estopa de algodão embebida em óleo queimado era fixada na ponta de uma madeira em armação de ferro onde era ateado fogo. De tempo em tempo devia-se derramar sobre ela nova quantidade de óleo. Este aparelho era pesado e exigia um transportador a quem o esforço impedia de pescar alem de exigir atenção para não ser atingido por gotas do unto em chamas. Em volta dele se aglomeravam os outros pescadores, cada qual com sua coca e com movimentos rápidos e precisos cercavam o siri em sua fuga para águas mais profundas.
Na praia alguém recolhia em cestos ou sacos os siris pescados para manter as cocas vazias o que facilitava seu manejo. Desta situação nasceu a expressão “balaio de siri” que deseja relacionar o fato que dali ao se puxar um os outros vem agarrados um ao outro.
Isto é, quando muitos estão envolvidos em atividades semelhantes e aparece um erro dizemos que “se puxar um vem todos.”
A aventura durava algumas horas desde o seu início até o retorno com um saco destes animais como troféu da pescaria. Os siris têm capacidade boa ou má de respirar fora do mar, razão pela qual eles permanecem vivos até dia seguinte por um tempo aproximado de 12 horas ainda que por vezes a carne perca sua consistência normal ao que chamamos de ardida, sem condições culinárias.
Apesar da aparência estranha, este crustáceo é muito apreciado na nossa culinária.
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Expansores de tecidos

Expansores

O silicone é uma substancia produzida a partir da sílica e pode ser produzida em qualquer consistência para os mais variados fins com grande utilização na indústria.
Há bastante tempo que o silicone em suas várias formas e consistências é usado pela medicina também.
Com ele podemos reproduzir forma consistência e cor, com grande semelhança e resistência.
Existem as órteses ( uso externo) e próteses (uso interno) que substituem mão, dedo, orelha, perna, enfim muitos segmentos do corpo onde o silicone é amplamente utilizado.
As próteses para mento, mama, coxa, nádega, região peitoral, tem a finalidade de aumentar os volumes e melhorar a forma modelando cada setor dentro dos conceitos atuais na busca do belo.
Obedecendo esta premissa na busca do ideal, foi criada a prótese com a finalidade de expandir tecidos, ficando estabelecido para ela o nome de expansor.
É um aparelho que corresponde a uma bolsa inflável conectada através de um tubo a um bulbo que equivale à válvula.
Esta válvula pode ser perfurada repetidas vezes em sua face convexa oposta a parte profunda plana com uma lâmina de aço como protetor, na cirurgia é posicionada distante do balão principal.
Através dela injetamos soro fisiológico em volumes sucessivos que aumentam o volume da bolsa do expansor e por conseqüência a distensão os tecidos vizinhos.
Os formatos são muito variáveis podendo ser redondo, oval, semilunar, paralelograma, fusiforme ou idealizado para finalidade específica em razão do problema a corrigir.
Todos os formatos são produzidos em tamanhos diferentes com quatro a cinco opções para cada modelo.
Quando se apresenta um problema é feito o devido estudo para avaliar o defeito e eleger qual o tipo e tamanho do expansor que melhor permita a solução do caso.
Para seu uso necessita anestesia, incisão e descolamento da pele da região para introduzir, acomodar expansor e válvula e permitir a distensão dos tecidos o suficiente para corrigir o defeito.
No tratamento das seqüelas de queimadura e outros traumas onde ocorre perda de tecido o uso do expansor reduziu muito a necessidade de enxerto de pele ou transplante de tecidos. É um método cirúrgico que cumpre magnificamente o papel proposto para ele, reduz muito o grau do defeito aproximando da normalidade.
O que tem de constrangedor é a tumefação que se produz ao aumentar seu volume durante o tempo que exijam os tecidos para multiplicarem suas células até atingir total suficiência.
Inicialmente parecia a solução para a calvice, todavia os volumes laterais sobre as orelhas afastaram os pretendentes, pois deveriam ficar expandindo as próteses por longo tempo e isto lhe colocaria em dificuldades de contato com o público.
Nas seqüelas de queimaduras tem sido um excelente método para eliminar placas cicatriciais inestéticas e restritivas. Permitiu maior ousadia na liberação do pescoço, das axilas, mãos, face, couro cabeludo, etc.
Entretanto onde tem prestado maiores benefício é na reconstrução das mamas retiradas por câncer.
Se por um lado no tratamento deste mal se obteve enormes vantagens quanto à cura e sobrevida, a conseqüente mutilação ainda não pode ser evitada e continua a ser o motivo de queda da autoestima, depressão e mal estar por parte das pacientes.
Para recuperar este defeito se criaram muitas técnicas cirúrgicas que evoluíram muito nos últimos anos.
Temos retalhos locais que oferecem boas soluções para pequenas retiradas, retalhos a distancia com uso associado de prótese ou transposição de parte da parede abdominal pediculada no músculo reto abdominal para migrar tecido em volume suficiente que possibilite a reconstrução da mama ou das mamas.
A mais simples é a distensão com o expansor e troca posterior por prótese definitiva.
Para esta cirurgia é necessário que tenha tecido de cobertura com panículo gorduroso suficiente para receber o expansor e permitir uma boa bolsa para alojar a prótese com naturalidade.
Incluída a prótese e obtido o volume, novas pequenas cirurgias serão feitas para tornar-las simétricas e reconstruir aréola e papila (mamilo).
Esta é a forma mais simples de reconstrução da mama, lastima que tenha indicação limitada e não permita ampla utilização para todas as mamas.

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O Trânsito.

O trânsito
Quando Henri Ford criou a produção em série para fabricar maior número de carros no menor tempo possível, não sabia que em menos de cem anos tudo estaria conturbado como está. Tanta influência exerceu que os saudosistas os mantêm em coleção e clubes de carros antigos cujos valores são inestimáveis.
Do veículo individual ou familiar, passou para o coletivo, com caminhão, vans, ônibus etc. Como conseqüência foram criadas regras para controlar o tráfego que sofrem variações nos países e costumes paralelos com regras diversas em cada cidade ou região.
Na Inglaterra, foi mantida a direção no lado direito do automóvel porque este era o lado onde sentava o boleeiro nos tilbores, carruagens ou charretes, para ter mais liberdade no uso do chicote com a mão direita. Nos Estados Unidos esta condição não foi considerada e a direção foi montada no lado esquerdo, deixando a mão direita livre para uso das armas nas diligências e qualquer outra atividade dentro do carro. Esta posição do volante determinou o que chamamos de mão e contramão, que diferem e são invertidas, se adotamos carros americanos ou ingleses. Quando um destes carros transita em país de mão contrária, quem define se pode ou não ultrapassar é o carona, pois o motorista está sempre com a visão obstruída e precisa sair totalmente de trás do veículo que o antecede para poder ver e seguir à frente, facilitando acidentes.
Hoje, no dia a dia, percebemos desatenção e pouco caso na condução do veículo. Nas ruas e estradas brasileiras, por lei, ninguém pode transitar em velocidade menor que a metade daquela determinada, ou seja, onde é permitido 80km/h não pode trafegar na pista de rolamento a menos de 40km/h. Percebemos que existem alguns que parecem não desejar chegar em casa, pois seguem devagar no meio da rua, obstruindo várias pessoas que gostariam de avançar mais rápido. Todavia, olhar no espelho retrovisor é gentil. Em toda rodovia, a faixa da esquerda é a de maior velocidade e a da direita é a mais lenta. Cada um deve utilizar a que deseja, mas também deve obedecer a velocidade prevista, para não dificultar o fluxo. O direito ao uso da estrada ou rua é de todos e um deve respeitar o outro, facilitando a ultrapassagem daquele que o alcança. Entretanto, este acontecimento não pode ser interpretado como provocação ou convite para disputa. Outra situação que muito confunde quem vem atrás é o uso desorganizado do sinalizador pisca-pisca, colocam-no indicando à direita e seguem à esquerda.
Para quem estiver ao lado, o fato de acionar o sinal para mudar de direção ou trocar de fila, deve aguardar uma manifestação do outro motorista, pois o seu ato indica sua intenção, e não o direito de realizá-la. Outra situação a ser observada é com relação aos faróis. Quando, em trânsito urbano, não devem estar na posição de luz alta e muito menos com os faróis de milhas simultâneos, pois cegam os que vêm em sentido contrário. Da mesma forma ao parar nestes trevos ditos tipo alemão, em que o carro fica posicionado de maneira inclinada, abaixe ou desligue momentaneamente a luz, pois nesta posição ela estará dirigida diretamente contra os olhos dos outros. Na traseira, o pisca-pisca atual é de luz forte e dificulta a visão à noite, quando fica ativado sem necessidade enquanto espera o semáforo abrir. Ele não precisa estar ligado, pois na posição onde o carro estiver seu caminho obrigatoriamente deve ser aquele para o qual indica com a seta.
Da mesma forma, quando a avenida tiver mais de uma pista e a saída é à direita, antecipadamente tome e siga pela faixa da direita e tome a da esquerda se for seguir em frente. Evite assim cruzar a dianteira dos outros carros. Como comentário final, antes de frear o carro para obsequiar alguém, olhe pelo retrovisor. Faça-o se estiver sozinho e desejar ser gentil, mas, se atrás de você tiver um carro, não pare, pois pode provocar acidente, além de abusar da paciência alheia, não cabem nesta hora gentilezas de salão.
Também é proibida a tração animal em via pública asfaltada de grande movimento seja bicicleta ou carretas.
Ninguém tem mais direito que ninguém, o que determina e regula todas estas situações é o Código Nacional de Trânsito.

Butiá e cocada

Butiá e cocada
O butiá apesar de ser considerado originário do Paraguai é encontrado no Brasil nos estados ao sul de Minas Gerais, parte do Uruguai e da Argentina.
É uma palmeira de pequeno porte, de até 1 metro em média de altura no litoral catarinense predominando de Florianópolis para o sul limitado pelo rio e a cidade Mampituba, aumenta seu tamanho para cerca de até três metros quando encontrado na serra catarinense. Reforço esta citação geográfica, pois poderíamos pleitear como sendo fruta de Santa Catarina uma vez que viajando de Florianópolis de leste a oeste encontramos esta planta, entretanto quando de norte a sul ela se limita com abundância no nosso território. Pouco ou nada no Paraná e raros exemplares no Rio Grande do Sul. Existem algumas malhas de butiazeiro com plantas antigas na província de Rocha no Uruguai. A fruta tem cor amarela ou amarela com base vermelha, sabor muito agradável, diferente e “sui generis”. Seu consumo principal é ao natural mascando a polpa que recobre a semente, tem seu momento ideal e menor acidez quando recém caído ao chão. É costume também colocar em infusão na cachaça ou mais recente em vodka para curtir, quando for esta a situação deve ser coado no momento em que o butiá modificar a cor de sua casca para evitar sabor de bebida passada que não é agradável e parece coisa abandonada. Da polpa ainda podemos extrair o suco que inicialmente é viscoso e deve ser diluído para melhor ser apreciado. Nós diluímos com suco de maracujá que não compromete e nem lhe rouba o sabor. Os frutos das plantas da serra e do litoral diferem em seu tamanho onde as primeiras são maiores. De suas folhas se colhem as palhas para fazer colchão, confortável e firme que ao contrário dos de molas não favorecem nem determinam dor na coluna. Sua presença na região era tão importante que as plantações de mandioca, aipim, amendoim, melancia, melão, etc, eram praticadas utilizando os espaços entre os butiazeiros. Entre outros animais ali se desenvolviam codornas e perdizes (perdigão) e após abertura da ponte da BR101 sobre o rio Mampituba, apareceram lebres que invadiram a região e passaram a interferir em toda agricultura do sul do estado, pois comiam tudo que era cultivado da folhas ás raízes.
Interessante notar que o litoral de Santa Catarina é separado abruptamente do planalto pelo aparado da serra com diferenciação total do clima com relação ao frio, regime de sol e chuvas determinando flora e fauna diferente para cada região. O butiá da serra assim como as frutas de clima temperado são maiores lá ou não produzem aqui em baixo. Não sei se pela temperatura ou se pela conjugação com a pressão atmosférica.
Conheci este butiá da serra, vendido no mercado de Lages, ainda embalados na própria folha que eram trançadas em forma de cone como se fosse um cartucho em trama de cesta. No litoral o butiá é menos ácido, mantém as mesmas cores, todavia com tamanho menor.
Entre nós, na Jaguaruna, eram vendidos tendo as latas de azeite, como medida de quantidade e hoje são acondicionados em bolsas de tela de plástico assim como outras frutas e vendidos também ao longo da rodovia federal.
Na minha vivencia da praia, todos, adultos e crianças “chupávamos” butiá, depois os coquinhos eram jogados ao chão, onde permaneciam por longo tempo. Nós fazíamos sua secagem deixando em exposição solar para uma vez considerados em condições eram quebrados com martelo sobre superfície rígida e no seu interior encontrávamos três gomos de polpa semelhantes a um grão de feijão, dispostos radialmente. Eram muito saborosos e permitiam momentos de prazer gastronômico com muita conversa acompanhada com seu requintado e delicado sabor.
Quando lográvamos colher e produzir grande número de gomos, visitávamos algum amigo com mãe disposta para fazer cocada sem moer o pequeno grão. Tinha o aspecto de rapadura branca, mas, era um quitute que privilegiava apenas alguns guardadores ou catadores de coquinhos pela rua.

Cuidador

Cuidador

É cuidador todo aquele que dedica seu tempo em atender alguém.
Toda atenção é dirigida para o bem estar da pessoa cuidada.
A mulher em geral é levada a esta prática em razão da maternidade ou ao menos pela vocação maternal ao atender filho, marido ou parente.
Temos inúmeras profissões que são dirigidas e treinam para o exercício desta função que exige muito desprendimento.
O grupo leigo que tens apenas boa vontade necessita orientação para não cometer erro ao executar seus atos de bondade.
Alias quem fez o curso primário no colégio São José por volta de 1950 e foi aluno da irmã Leocardia, Ir. Elizabeta, D. Ruth, D. Maria e Ir. Guidia deve ter participado da “Liga da Boa Vontade” onde nos era ensinado como atender e fazer o bem aos outros, ajudar em pequeno curativo e a qualquer pessoa com alguma dificuldade.
Este é o espírito necessário para ser um cuidador, a babá é uma cuidadora e os acompanhantes são cuidadores.
Aqueles que são profissionais recebem remuneração por este trabalho, os outros são voluntários que nada recebem pelo carinho além do conforto espiritual. As manifestações de gratidão acompanham sempre esta atividade. Se membro da família, o cuidador conhece os hábitos e maneiras de vida daquela casa, todavia se for estranho então as dificuldades iniciais serão acentuadas até que intere de tudo. Em qualquer situação, há que se deixar o tempo passar para avaliar a capacidade de um cuidador e na dependência do seu temperamento acabara atuando como confessor também.
O papel do cuidador na evolução da doença de uma pessoa é de extrema importância e faz parte da cura.
Assim para uma pessoa de idade o acompanhante necessita iniciativa, paciência e bom caráter. À medida que cresce o grau de dificuldade além das qualidades referidas, aumenta também a importância do conhecimento da patologia do atendido. Quando em razão do caso se tornam obrigatórios curativos complexos o cuidador necessita de curso, participar e orientar a compra do material seu armazenamento e uso, para permitir uma evolução a contento.
Por exemplo, quando o paciente é portador de úlcera de pressão ele tem inúmeras dificuldades que exigem iguais cuidados a serem conduzidos ou realizados pelo cuidador.
Ainda é interessante comentar que o paciente acamado tende a provocar escaras com ulcerações pela longa permanência na mesma posição. Nestes casos é obrigatória a mudança repetida do decúbito para evitar a instalação da necrose e para isto tem técnica a ser seguida.
Compete ao cuidador orientar o enfermo e a família, para nada ser interrompido na sua ausência e lograr algum resultado.
Nos casos em que exista derivação intestinal é necessário trocar as bolsas e manter a área nas condições ideais. São várias as situações que envolvem necessidades de curativos por vezes infectados, mas, que não obrigam manter o paciente internado devendo continuar o tratamento a domicilio. Quando estiver anunciada a alta hospitalar ou ainda durante a internação deve ser solicitado ao médico assistente que oriente os cuidados após a alta e a enfermagem pode ensinar os atos mais complexos durante a permanência hospitalar.
A nosso ver todo hospital que tenha condições de tratar as patologias mais exigentes deve manter cursos dirigidos aos cuidadores para dar-lhes subsídio técnico que permita continuar a assistência a domicílio.
Os cuidados devem ir até o momento do descarte do material utilizado, pois são no mínimo usados se não contaminados e contaminantes que obrigam o uso de caixas ou bolsas plásticas especiais iguais as dos hospitais.
Alguns pacientes portadores de males imobilizantes, além do resultado obtido tem sua manutenção, como é o caso dos cadeirantes ou idosos incapazes.



Enxerto de gordura

Enxerto de gordura
Podemos transplantar gordura de um lado para outro no mesmo corpo.
Os procedimentos que surgem como propostas novas de cirurgia há muito já foram pensados, escritos e discutidos. Isto aconteceu também com a lipoaspiração que no inicio do século era proposta de forma semelhante e consistia da retirada através de curetagem. Não evoluiu bem porque muitas foram as infecções que surgiram e os graves problemas e destruições que resultaram desencorajando o mundo cientifico que abandonou e condenou procedimento. Neste momento o grande problema era a permanência de tecido desvitalizado dentro do organismo.
Em 1980 da França veio a solução, pois o método simulava aquela curetagem ao mesmo tempo que retirava a gordura desvitalizada pela aspiração, não deixando resíduo de tecido morto como antes.
Neste mesmo ano iniciaram as primeiras cirurgias no Brasil e Argentina.
Em 1982 iniciamos em Santa Catarina e criamos o primeiro aparelho brasileiro de lipoaspiração, utilizando compressores da fábrica Duat de Joinville que tinha um modelo pequeno para artesanato.
Com técnica aparentemente simples, a lipoaspiração durante algum tempo não enxergava seus limites em razão pouca experiência mundial com a técnica. Ao longo do tempo os limites foram definidos, ficaram claros e os problemas reduziram. Hoje esta devidamente equacionada entre os especialistas que a vem estudando durante todo este tempo.
Em pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo foi constatado que 97% dos acidentes ocorridos naquela jurisprudência foram provocadas por não especialistas em Cirurgia Plástica.
Os pesquisadores da especialidade desde 1984 iniciaram a injetar a gordura, aproveitando o material aspirado. No início se perdia 70% de todo volume, depois foi percebido que variava a absorção segundo o local tratado, procurou-se a razão. Hoje temos definidas as regiões doadoras e as áreas de melhor receptividade com maior aceitação e permanência mais prolongada da gordura reintroduzida.
Regiões como as nádegas são as que melhores resultados têm apresentado. A técnica tem como fator limitante a fartura ou escassez da área doadora do candidato uma vez que não é utilizado transplante cruzado de gordura, ou seja, de outra pessoa. Apenas gêmeos univitelinos, aqueles quase iguais, permitem esta prática, pois são geneticamente iguais por isso não desencardiam rejeição.
Hoje foram obtidas algumas respostas àquelas indagações através do estudo das células tronco. Foram encontrados elementos celulares com estas características no interior do tecido gorduroso lipoaspirado.
Várias são as propostas para preparação deste recurso e novamente somos colocados diante do dilema do volume necessário, por vezes maior que o disponível.
É um método de relativa simplicidade, ainda que necessite ser antecedido por lipoaspiração proporcional à grandeza do volume necessário para ser enxertado ou transplantado.
Lavada e devidamente preparada a gordura através de finas cânulas é injetada no tecido subcutâneo ou dentro do músculo da região para aumentar o volume e ganhar nova forma ou fazer desaparecer sulcos e rugas.
Ainda que se tenha evoluído muito, o fantasma da reabsorção não nos abandonou, mas, após os avanços técnicos o proveito e manutenção do volume injetado, é maior.
Em 1982 apresentamos em alguns congressos, como novidade, a técnica de “enxertia de gordura”, depois a tática voltou dos centros maiores com seu nome modificado.
Esta técnica passou a ser chamada de “lipoescultura” por retirar gordura de um local e injetar em outro enquanto o tratamento feito em pequenas áreas recebeu o nome de “microlipoescultura” sem que houvesse grande diferença entre eles.
A lipoaspiração ou a lipoescultura quando realizadas por mãos hábeis e preparadas dentro dos princípios básicos de segurança, não oferecem riscos. Quando o cirurgião não tem o preparo conveniente ou cede à pressão do paciente para fazer maior número de procedimentos que o ideal a título de “aproveitar a oportunidade e a anestesia”, iniciam os problemas e os acidentes.
Esta técnica praticada com conhecimento, consciência e destreza é segura e constitui a maior inovação cirúrgica do século dentro da cirurgia plástica e seus princípios possibilitaram excelentes modificações em outras especialidades.


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Nariz


rodrigodeca@gmail.com
O nariz é um segmento de extrema importância na composição da face.
Ele participa do belo, feio, caricata, representa caráter, impõe e simboliza.
É classificado em três grupos básicos com formas dependentes das etnias da raça humana. Caucasiano quando tem o corpo fino, ponta delgada, orifícios posicionados no sentido antero - posterior e as asas não ultrapassam os limites da linha que é baixada verticalmente a partir do canto interno da fenda palpebral. Oriental é aquele cujas asas chegam a ultrapassar as mesmas linhas laterais antes definidas, dorso com pouca projeção representando achatado como se estivesse sofrido trauma, as fendas são posicionadas no sentido latero-lateral. O terceiro é o grupo negróide que exatamente ultrapassa bastante as linhas baixadas dos cantos internos das fendas palpebrais, os intróitos são horizontais, dorso é medianamente elevada com ponta larga e deprimida.
Diante desta colocação já está entendido que não há padrão único de técnica para realizar esta cirurgia. Devemos estudar cada caso, estabelecer o diagnóstico e daí definir a tática de abordagem.
Ao nascer o homem cruza a infância com a face pequena e o crânio duas vezes maior. O tempo vai evoluindo e a parte do crânio pouco cresce enquanto a face desenvolve crescendo para baixo e para frente sob influência da ação dos músculos faciais.
Estas estruturas têm uma extremidade fixada na pele e outra no osso, cada vez que há a sua contração ocorre tração no extremo da pele e uma detração no extremo que se fixa no osso. Esta condição comporta-se como se fosse vácuo que estimula crescimento do osso e modela a face. Assim cada indivíduo termina parecido com os seus, pois o fator genético é que determina o poder de cada músculo da mímica. Ao redor dos 11 aos 16 anos ocorre o crescimento da face onde a mandíbula e o nariz são os elementos que mais se modificam. É neste momento que as cartilagens de sustentação das paredes e o septo, empurram dorso e ponta nasal para frente provocando eventual desvio com conseqüente distorção da forma ao mesmo tempo em que demonstra as características familiares.
Historicamente ao nariz eram atribuídas qualidades outras como a equivalência entre o seu tamanho e a genitália masculina. Muita alcunha surgiu a partir do formato e tamanho do apêndice nasal.
Na antiga Índia quando uma mulher era infiel como castigo cortavam fora o nariz, assim também era penalizado o homem ladrão. Os cirurgiões indianos à época criaram um método de reconstruir esta unidade anatômica, utilizando a pele da testa, tratamento que ainda hoje é utilizado para as mesmas perdas ainda que por outras causas. Aqui na América pré-colombiana eram penduradas grandes argolas como adornos em ouro laminados que diferenciavam chefes e nobres de cada tribo. Agora, como novidade, antiga prática é ressurgida com pequenos brincos ou argolas que são pendurados no nariz de homens ou mulheres.
O que na verdade devemos é proteger do sol com bom filtro solar (acima de FPS15) para evitar manchas ou câncer de pele no futuro.
Na analise do seu formato e tamanho, algumas relações com outros elementos da face foram muito utilizadas pelos pintores e escultores, para produzir harmonia e beleza além de ser considerado normal em suas obras quando mantido dentro das proporções ideais.
Olhando de frente ocupa cerca de um quinto da largura da face, a sua altura equivale ao tamanho da orelha quando medido desde sua junção com o lábio até o espaço entre as sobrancelhas (glabela), variando a largura das asas e a projeção anterior, segundo a etnia.
Na adolescência, período em que há um futuro incerto quanto a sua capacidade pessoal, o fator beleza é muito importante e mobiliza com intensidade prazer e desprazer dos jovens em relação ao seu formato.
O nariz termina responsabilizado por insucessos, surgindo o ardente desejo de modificar sua forma e tamanho. Sentimento este que perdura por longos anos, veladamente guardado entre os segredos da pessoa que acaba sendo induzida à cirurgia na primeira oportunidade, como a solução de desejo até então reprimida.