terça-feira, 15 de março de 2011

Protese de silicone

Prótese de silicone

Silicone é um produto artificial originado em laboratório, puro, incolor, inodoro, inerte resistente ao calor e pressão que pode ser produzido em qualquer consistência desde líquida até sólida (não pétrea) mantendo presente a elasticidade. Esses materiais consistem de um esqueleto inorgânico de silicio-oxigenio (-Si-O-Si-O-Si-O-…) com grupos laterais orgânicos ligados aos átomos de silício. Permite a polimerização que facilita a sua moldagem.
O estado gel é a consistencia mais difundida e utilizada para produzir colas, lubrificantes, isolantes, tintas, etc.
Na área médica graças a possibilidade de fazê-lo em alto grau de pureza, tornou-se um grande aliado da cirurgia estética.
Puro em estado sólido ainda elástico foi muito utilizado nos anos 60/70, pré moldado ou esculpido no ato cirúrgico foram criadas e abandonadas várias peças para orelha, mento, malar( maçã do rosto), articulações dos dedos da mão no tratamento das deformidades produzidas pelo reumatismo.
Destes se mantiveram aqueles preparados para o mento e o malar.
O silicone é muito utilizado na fabricação de orteses e proteses que substituem elementos perdidos como dedos, mãos, segmentos da face, orelha, por permitir consistencia e cor muito próximas da dos candidatos.
Aplicam-se lâminas sobre as incisões após as cirurgias para evitar cicatrizes de volume aumentado como nas hipertroficas.
Alguns dedos são utlizados em mágicas e permitem fazer aparecer e desaparecer lenços coloridos.
As proteses para uso médico são preparadas com membranas finas e maleáveis de slicone em formato de bolsa preenchidas com gel mole o suficiente para simular o tecido humano.
A cirurgia plática na sua necessidade e criatividade projetou peças que permitem aumentar a perna ( panturrilha), coxa, nádegas, mamas, mento, malar e outras criadas especificamente para cada caso como para criar volume na região peitoral de homens e mulheres que desejam modelar o torax ou corrigir deformidades congenitas.
Para as mamas as proteses são desenvolvidas com vários formatos e tamanhos, visando ajustar volume e forma do seio.
É uma cirurgia de riscos mínimos realizada sob anestesia local com sedação que faz surgir de um momento para o outro o efeito desejado.
Convem lembrar que para cada local tem o tamanho ideal de protese para evitar o exagero pois se for a mais, engorda a portadora e se for a menos, a cirurgia foi inútil.

Praia da Jaguaruna - Arroio Corrente

Dunas da Jaguaruna
Em faixa contínua, iniciam nas rochas do Cabo de Santa Marta e vão lentamente perdendo sua magnitude até chegarem à cidade portuária de Rio Grande no extremo sul do Brasil, continuam em estreita faixa até Punta del Este no Uruguai e acabam onde inicia a desembocadura e domínio da foz do Rio da Prata.
O trecho que correspondente à praia da Jaguaruna na verdade é aquele em que as dunas ocupam o maior espaço entre o mar e o limite da vizinha vegetação natural. Cerca de 2 quilômetros é recoberto por farta camada de fina areia de tons variados que se mobilizam ao sabor do deslocamento de ar, mudando constantemente de forma e posição.
Por definição a duna nunca é coberta por vegetação e obrigatoriamente deve sofrer a ação dos ventos, quando o volume de areia forma uma colina fixada e vestida por rala ou compacta vegetação então é um morro de areia, esta é a definição do geógrafo Professor Peluso registrado em seus estudos e tese defendida na Universidade Federal de Santa Catarina. Por lei é intocável, hoje respeitada no município de Florianópolis o mesmo não acontece em outras regiões.
Perdidos entre tantas dunas estavam os “morros das conchas” (sambaquis), onde podíamos encontrar fragmentos de ossos humanos, de peixes, bem como utensílios de pedras polidas como pontas de flechas e as que chamávamos de “machadinha de índio”.
A Praia da Jaguaruna no inicio ocupou o espaço revestido por grama que existia junto ao Arroio Corrente com amplitude suficiente para acomodar toda a primeira comunidade, depois ela se desenvolveu e os cômoros ao seu redor foram destruídos incluindo aqueles das conchas, em nome do progresso e desenvolvimento.
Para conter o movimento das dunas, eram utilizadas esteiras de vegetação nativa como junco ou vassoura para construir obstáculos ao longo das suas cristas.
Durante muito tempo foram utilizados caminhos de madeira, primeiro com taboas depois com estrados mais leves para o transito de veículos. A cobertura com saibro deu condições de trânsito constante sobre as dunas sem atolar. Para esta proteção lá estava seu Teófilo de pá nas mãos retirando a areia que invadia a pista em trabalho constante por tanto tempo quanto durasse o vento.
Ao sul lembro claramente das imagens das estruturas ferruginosas, por nós chamadas de “pedra ferro”. Como placas retorcidas, disformes de maneira regular, com pequenas cúpulas repetidas e unidas como se houvesse uma historia de ebulição e espuma na sua formação. Nossa fantasia permitia imaginar um navio ali encalhado e permanecido por longos anos sob a areia. Partes dela eram usadas como vasos ou cinzeiros nas casas dos veranistas quando tinham a forma de concha. Nesta região a areia perdia sua cor bege e se tornava quase vermelha pela mistura com resíduos destas pedras. Protegidos sob seus fragmentos viviam pequeninos e ágeis lagartos claros mimetizando com a cor da areia.
Entre as dunas maiores em setores mais baixos as chuvas formavam as “lagoinhas” de águas límpidas e profundidade segura que geravam verdadeiras romarias da adolescência da época que as aproveitava para banhos, duravam até quinze ou mais dias apesar da estiagem que se seguia.
Durante as precipitações mais copiosas a camada superficial ficava espessa, dura e escorregadia permitindo deslizar sobre ela. Esta eventual ocorrência era motivo e argumento essencial para que buscássemos lâminas de papelão desmontando as caixas separadas para mudanças ou utilizássemos as tampas de bacio que se transformavam em excelentes esquis. Esta folia se valia de rampas quanto mais altas maior a procura e se estendia até o por do sol e nascer da lua sempre belos sobre as areias e mais vistosos após as chuvas.
Outras vezes quando os ventos permaneciam soprando longo tempo na mesma direção a areia voava da crista da duna como se fosse um rabo de galo flutuante com desenhos mutantes para encher os olhos da gente e depois invadir a estrada.
Na beira, larga faixa de areia úmida debruava o mar, em sinuosa margem e suaves ondulações e sobre ela o vento soprava uma nuvem de areia se movia em movimento de serpente e ardia

sexta-feira, 11 de março de 2011

O Belo

O belo é dependente
Tempo, local, bom gosto, discrição, suavidade, delicadeza, harmonia e autenticidade são os predicados e adjetivos que definem e qualificam o belo. Por vezes a ousadia associada aos requisitos anteriores, logra obter grande beleza.
A face talvez seja o segmento do corpo humano que recebe a maior atenção das pessoas.
Também é verdade que algumas pessoas se notabilizam por outra parte do corpo, mas, mesmo elas não podem dispensar o valor do rosto neste conceito.
É ela que nos caracteriza e permite que sejamos conhecidos ou nos deixe reconhecer os outros pelos detalhes do queixo, nariz, orelhas, pescoço, olhos, cabelos e cores que dependem dos genes familiares que nos fazem parecidos com os nossos parentes.
O homem desde a criação conta com filósofos e artistas na busca do conhecimento destes detalhes, Da Vinci, Michelangelo, Fibonacci, Descartes, Darwin se dedicaram ao estudo da forma do homem e das coisas.
Desenvolveram conceitos de proporcionalidade entre as unidades anatômicas onde seus tamanhos se envolvem com a matemática e função. Da Vinci e Michelangelo definiram as proporções e relações de tamanho e posição do nariz com os olhos e as orelhas que quando se as obedece advém a harmonia e eles lograram. Fibonacci descobriu e determinou uma seqüência numérica que explica as espirais, a distribuição e organização das sementes no girassol, favo de mel, seu formato e daí transportado para pintura, escultura, arquitetura porque definia a proporção também respeitada pela cirurgia plástica na busca do belo.
O tempo e o espaço conjuminaram para variar a forma alterando o superficial sem ofender o essencial e assim manter a beleza. Então é valido pensar que o belo varia no tempo e no espaço segundo os conceitos culturais do individuo ou da coletividade. Descartes determinou a forma de se fazer uma pesquisa e dela extrair uma conclusão. Darwin constatou em suas pesquisas a existência de detalhes que permitiram relacionar a variação do formato segundo a necessidade. Ruffini em 1925, em seus estudos interpretou e conceituou que “a forma é a imagem plástica da função”. Para entender esta afirmação, basta observar os peixes que se alimentam de material flutuante e tem sua boca na porção alta da cabeça, aqueles que comem alimentos da lama tem a boca na face ventral, os outros que roem das pedras tem dentes fortes e boca na frente e os que comem por filtração tem boca bem grande para passar a água do rio como jaú, surubi, jundiá, etc.
Estudada a anatomia foi determinado para cada etnia aquilo que poderia ser considerado normal e aquele que estivesse diferente era anormal e não belo.
A orelha com suas reentrâncias para atender a acústica, os olhos em globo para permitir a captação da imagem e movimentos giratórios, as mãos e pés com seus dedos e unhas, são aceitos como belos quando harmônicos e bem formados.
A harmonia dos traços, cores e volumes é que gera o prazer com bem estar pela visão do belo e a conseqüente confiança e autoestima.
Ainda que não haja modismo no feitio do rosto, a forma de decoração sofre ação dos costumes como brincos, pinturas, tatuagens e outras invenções.
O homem em sua criatividade iniciou estas complementações desenvolvendo a maquiagem. No início os índios e outros povos belicosos se apresentavam com pinturas feias nos seus rostos, imitando formas temidas da natureza, com isto pretendiam incorporar seus poderes e provocar medo no adversário. A vontade de interferir nestes elementos na busca da suavidade, simetria e harmonia é que impulsiona a cirurgia plástica ao encontro da beleza criando técnicas que permitam devolver ou aproximar dos padrões anatômicos agradáveis aos olhos, todavia deve ser evitado o exagero que induz ao resultado desproporcional e comprometedor.
Toda pessoa que não se vê dentro dos critérios de graça e beleza concebidos em sua comunidade, buscam através de artifícios como maquiagem, lentes de contato, perucas, mudança da cor dos cabelos, cortes e penteados, unhas decoradas, etc.
Enquanto perdurar a satisfação com estes recursos existe a felicidade, entretanto quando se desencontra, iniciam as agressões silenciosas à autoestima. Na adolescência, controlados pelo ímpeto de seus sentimentos é quando se recolhem em função de problemas por vezes vistos como sem importância pelos adultos. Esta impressão cala tão profundo, que por vezes permanece por longos anos. Outros defeitos surgem por tirania e desrespeito do tempo agravados pela fisiologia e ou opiniões amigas. A cirurgia plástica estuda as maneiras mais seguras e cômodas de oferecer auxílio na busca da solução para os desejos mais íntimos do individuo, modificando a forma de tudo que se apresenta alterado, sempre respeitando a razão.

O Trem.

O trem

Saudando o Dr José Warmuth pela iniciativa do museu da estrada de ferro, associo-me lembrando momentos de nossa convivência com o trem e sua estrada.
A fumaça cinzenta, espessa com muito material em suspensão e cheiro de gazes intestinais, graças ao enxofre que fazia parte do carvão, cobria a tudo e a todos.
A hulha originária do sul do estado que pela contaminação com o enxofre era desqualificada para a indústria do aço, restando apenas a capacidade de produzir calor e de espalhar cristais dourados de perita que pensávamos se tratar de ouro.
Esta energia, inicialmente utilizada para mover as locomotivas, ingressou na produção de eletricidade e depois ácido sulfúrico também.
Beneficiada em Capivari de Baixo, embarca em Imbituba, navega até o porto de Tubarão em Vitória no Espírito Santo e por fim como coque é usado em fornos das indústrias de beneficiamento do minério de ferro.
Com estas vantagens a cidade de Tubarão se desenvolveu em torno e ao longo da ferrovia e sediou a Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, cabendo-lhe organizar as oficinas que faziam a manutenção de tudo que a ela se referisse.
Estudou na sua escola uma grande quantidade de competentes técnicos capazes de produzir tudo desde as locomotivas, modificações em carro, como o Chevrolet 39 transformando em litorina, até o mais delicado parafuso de precisão.
Em todas as empresas da cidade existia algum artista torneiro que reproduzia as peças necessárias para reparar os carros, tratores e outras máquinas à época importados.
Tal era a importância deste plantel de operários que com a enchente, Joinville os importou a todos em tamanho numero que lá gerou bairro e rua com o nome de Tubarão.
A cidade cresceu e recebeu muitos migrantes incluindo eu que em 1943 cheguei vindo de Florianópolis pouco tempo após o nascimento.
Cresci ouvindo as propagandas feitas pelo Fuzaca com seu megafone de lata e conversando com o Chico da Patança e sua capa preta próximo à padaria do seu Juca ao lado dos trilhos, morava agora na esquina da rua Ferreira Lima com a rua Coronel Cabral onde ficara a primeira casa.
Vivendo num misto de respeito sem medo, muito abusamos dos recursos deste monumento.
Com meu irmão Fernão andávamos sobre a estrada unindo os braços e conduzindo as bicicletas lado a lado, cada qual sobre um trilho. Noutras oportunidades, aproximando bem agachados, amassávamos a ponta de longos pregos sob as rodas como se fosse uma bigorna para fazer faquinha ou ponta de flecha.
Lindo era apreciar quando os ferroviários trabalhavam trocando trilhos que os obrigava pregar grandes cravos nos dormentes de madeira, batendo os martelos em oposição com movimentos intercalados, repetidos e bem ritmados saindo depois em seus troles movidos com bambus como se fosse remos de canoa. Estas peças de fixação quando abandonadas, recolhíamos para usar como punção e esculpir carrinhos em tijolos, desta forma acabamos em casa com um milheiro deles na busca de uma perfeição que não podíamos encontrar.
Odiava ir corrigir algum problema de fusível elétrico, em baixo do assoalho ou sobre o teto, pois neles havia uma camada fina de fuligem depositada pela fumaça que desprendia na passagem das barulhentas locomotivas, pois nos deixava imundos e totalmente pretos.
A estação principal da cidade, sempre com movimento de idos e vindos, suas malas e pacotes, acompanhados de recepções e despedidas, pois comboios mistos ou específicos por ali passavam unindo todo sul do estado ao transportar carvão e passageiros, sempre mantendo correto o horário.
As pessoas de Florianópolis ou outra origem chegavam à Laguna de navio e se dirigiam para o sul do estado romanticamente de trem, eram viagens de longa preparação e ninguém as fazia por menos de quinze dias e é lógico que movimentavam seus baús e grandes malas.
Ao longo do tempo os trilhos foram retirados do centro da cidade resultando num incalculável benefício, pois reduziram os acidentes e desapareceu a fumaça responsável por tantos males de saúde dela dependentes, sem contar a limpeza das folhas das árvores da praça e telhados das casas.
Tudo era enegrecido, pois além da fumaça tinha a poeira das estradas que eram cobertas com as cinzas do carvão e os pequenos rios tinham as águas transparentes com cor castanha e sem peixes.
Agora com as máquinas movidas a diesel e o asfalto cobrindo os caminhos a limpeza se instalou e o prejuízo é menor.
Apesar do saudosismo a cidade e a região ganharam muito basta olhar os verdes arrozais que a contornam.