terça-feira, 9 de agosto de 2011

Enxerto de gordura

Enxerto de gordura
Podemos transplantar gordura de um lado para outro no mesmo corpo.
Os procedimentos que surgem como propostas novas de cirurgia há muito já foram pensados, escritos e discutidos. Isto aconteceu também com a lipoaspiração que no inicio do século era proposta de forma semelhante e consistia da retirada através de curetagem. Não evoluiu bem porque muitas foram as infecções que surgiram e os graves problemas e destruições que resultaram desencorajando o mundo cientifico que abandonou e condenou procedimento. Neste momento o grande problema era a permanência de tecido desvitalizado dentro do organismo.
Em 1980 da França veio a solução, pois o método simulava aquela curetagem ao mesmo tempo que retirava a gordura desvitalizada pela aspiração, não deixando resíduo de tecido morto como antes.
Neste mesmo ano iniciaram as primeiras cirurgias no Brasil e Argentina.
Em 1982 iniciamos em Santa Catarina e criamos o primeiro aparelho brasileiro de lipoaspiração, utilizando compressores da fábrica Duat de Joinville que tinha um modelo pequeno para artesanato.
Com técnica aparentemente simples, a lipoaspiração durante algum tempo não enxergava seus limites em razão pouca experiência mundial com a técnica. Ao longo do tempo os limites foram definidos, ficaram claros e os problemas reduziram. Hoje esta devidamente equacionada entre os especialistas que a vem estudando durante todo este tempo.
Em pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo foi constatado que 97% dos acidentes ocorridos naquela jurisprudência foram provocadas por não especialistas em Cirurgia Plástica.
Os pesquisadores da especialidade desde 1984 iniciaram a injetar a gordura, aproveitando o material aspirado. No início se perdia 70% de todo volume, depois foi percebido que variava a absorção segundo o local tratado, procurou-se a razão. Hoje temos definidas as regiões doadoras e as áreas de melhor receptividade com maior aceitação e permanência mais prolongada da gordura reintroduzida.
Regiões como as nádegas são as que melhores resultados têm apresentado. A técnica tem como fator limitante a fartura ou escassez da área doadora do candidato uma vez que não é utilizado transplante cruzado de gordura, ou seja, de outra pessoa. Apenas gêmeos univitelinos, aqueles quase iguais, permitem esta prática, pois são geneticamente iguais por isso não desencardiam rejeição.
Hoje foram obtidas algumas respostas àquelas indagações através do estudo das células tronco. Foram encontrados elementos celulares com estas características no interior do tecido gorduroso lipoaspirado.
Várias são as propostas para preparação deste recurso e novamente somos colocados diante do dilema do volume necessário, por vezes maior que o disponível.
É um método de relativa simplicidade, ainda que necessite ser antecedido por lipoaspiração proporcional à grandeza do volume necessário para ser enxertado ou transplantado.
Lavada e devidamente preparada a gordura através de finas cânulas é injetada no tecido subcutâneo ou dentro do músculo da região para aumentar o volume e ganhar nova forma ou fazer desaparecer sulcos e rugas.
Ainda que se tenha evoluído muito, o fantasma da reabsorção não nos abandonou, mas, após os avanços técnicos o proveito e manutenção do volume injetado, é maior.
Em 1982 apresentamos em alguns congressos, como novidade, a técnica de “enxertia de gordura”, depois a tática voltou dos centros maiores com seu nome modificado.
Esta técnica passou a ser chamada de “lipoescultura” por retirar gordura de um local e injetar em outro enquanto o tratamento feito em pequenas áreas recebeu o nome de “microlipoescultura” sem que houvesse grande diferença entre eles.
A lipoaspiração ou a lipoescultura quando realizadas por mãos hábeis e preparadas dentro dos princípios básicos de segurança, não oferecem riscos. Quando o cirurgião não tem o preparo conveniente ou cede à pressão do paciente para fazer maior número de procedimentos que o ideal a título de “aproveitar a oportunidade e a anestesia”, iniciam os problemas e os acidentes.
Esta técnica praticada com conhecimento, consciência e destreza é segura e constitui a maior inovação cirúrgica do século dentro da cirurgia plástica e seus princípios possibilitaram excelentes modificações em outras especialidades.


Consute o Blog : “Rodrigo d´Eça Neves; Cirurgia Plástica Dúvidas, Soluções e Humor.”


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