terça-feira, 9 de agosto de 2011

Butiá e cocada

Butiá e cocada
O butiá apesar de ser considerado originário do Paraguai é encontrado no Brasil nos estados ao sul de Minas Gerais, parte do Uruguai e da Argentina.
É uma palmeira de pequeno porte, de até 1 metro em média de altura no litoral catarinense predominando de Florianópolis para o sul limitado pelo rio e a cidade Mampituba, aumenta seu tamanho para cerca de até três metros quando encontrado na serra catarinense. Reforço esta citação geográfica, pois poderíamos pleitear como sendo fruta de Santa Catarina uma vez que viajando de Florianópolis de leste a oeste encontramos esta planta, entretanto quando de norte a sul ela se limita com abundância no nosso território. Pouco ou nada no Paraná e raros exemplares no Rio Grande do Sul. Existem algumas malhas de butiazeiro com plantas antigas na província de Rocha no Uruguai. A fruta tem cor amarela ou amarela com base vermelha, sabor muito agradável, diferente e “sui generis”. Seu consumo principal é ao natural mascando a polpa que recobre a semente, tem seu momento ideal e menor acidez quando recém caído ao chão. É costume também colocar em infusão na cachaça ou mais recente em vodka para curtir, quando for esta a situação deve ser coado no momento em que o butiá modificar a cor de sua casca para evitar sabor de bebida passada que não é agradável e parece coisa abandonada. Da polpa ainda podemos extrair o suco que inicialmente é viscoso e deve ser diluído para melhor ser apreciado. Nós diluímos com suco de maracujá que não compromete e nem lhe rouba o sabor. Os frutos das plantas da serra e do litoral diferem em seu tamanho onde as primeiras são maiores. De suas folhas se colhem as palhas para fazer colchão, confortável e firme que ao contrário dos de molas não favorecem nem determinam dor na coluna. Sua presença na região era tão importante que as plantações de mandioca, aipim, amendoim, melancia, melão, etc, eram praticadas utilizando os espaços entre os butiazeiros. Entre outros animais ali se desenvolviam codornas e perdizes (perdigão) e após abertura da ponte da BR101 sobre o rio Mampituba, apareceram lebres que invadiram a região e passaram a interferir em toda agricultura do sul do estado, pois comiam tudo que era cultivado da folhas ás raízes.
Interessante notar que o litoral de Santa Catarina é separado abruptamente do planalto pelo aparado da serra com diferenciação total do clima com relação ao frio, regime de sol e chuvas determinando flora e fauna diferente para cada região. O butiá da serra assim como as frutas de clima temperado são maiores lá ou não produzem aqui em baixo. Não sei se pela temperatura ou se pela conjugação com a pressão atmosférica.
Conheci este butiá da serra, vendido no mercado de Lages, ainda embalados na própria folha que eram trançadas em forma de cone como se fosse um cartucho em trama de cesta. No litoral o butiá é menos ácido, mantém as mesmas cores, todavia com tamanho menor.
Entre nós, na Jaguaruna, eram vendidos tendo as latas de azeite, como medida de quantidade e hoje são acondicionados em bolsas de tela de plástico assim como outras frutas e vendidos também ao longo da rodovia federal.
Na minha vivencia da praia, todos, adultos e crianças “chupávamos” butiá, depois os coquinhos eram jogados ao chão, onde permaneciam por longo tempo. Nós fazíamos sua secagem deixando em exposição solar para uma vez considerados em condições eram quebrados com martelo sobre superfície rígida e no seu interior encontrávamos três gomos de polpa semelhantes a um grão de feijão, dispostos radialmente. Eram muito saborosos e permitiam momentos de prazer gastronômico com muita conversa acompanhada com seu requintado e delicado sabor.
Quando lográvamos colher e produzir grande número de gomos, visitávamos algum amigo com mãe disposta para fazer cocada sem moer o pequeno grão. Tinha o aspecto de rapadura branca, mas, era um quitute que privilegiava apenas alguns guardadores ou catadores de coquinhos pela rua.

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