domingo, 16 de setembro de 2012

Estrada 282

Quando Dom Pedro II esteve em Santa Catarina antes de 1840 ficou a pedra fundamental da rodovia da integração de Santa Catarina que depois veio a ser chamada de BR 282. De Lages a Florianópolis, foi aberta na década de 20 a 30 sob a liderança de Manoel Augusto Neves ( meu avô, cidadão lageano e João Roberto Sanford (avô de Aulo Vasconcellos e irmãos) cidadão florianopolitano de origem inglesa. Por este trabalho foram remunerados apenas com terras que os sustentou através das vendas durante muitos anos., Não sei se foi proposital, mas, demorou cerca de 180 anos para ser completada, enquanto várias no sentido transversal há muito tempo foram construídas, por força política do Rio Grande do Sul que necessitava unir-se ao Brasil e Santa Catarina o separava. É curioso que a pedra de lançamento seja implantada quando o governo do Brasil era definido e não se valia de eleições, mas, necessitava equipar-se em todos os setores e regiões. Sem paixões, com o advento da república as atitudes eram feitas pelo interesse pessoal ou do partido que compensavam os votos recebidos ou pretendidos, abandonando as outras regiões. A importância que temos hoje no cenário nacional foi possível a partir da ocupação e desenvolvimento do oeste do estado que somente aconteceu nos últimos 70 anos, pois antes era verdadeiramente uma incerta aventura cujos esforços dependiam exclusivamente do empresário. A guerra do Contestado é exemplo claro desta situação pois a maior guerra civil brasileira ocorreu neste nosso meio oeste como conseqüência da construção de uma estrada de ferro que apenas cruza nossa terra e a sua história ficou muitos anos no obscurantismo por total interesse político da esfera federal. Toda riqueza humana e material eram usufruídas pelos estados vizinhos, pois a população tinha neles as suas capitais mantendo Florianópolis totalmente desconectada. Um triangulo com vértice em Lages e base no litoral era o que realmente contava como Santa Catarina pois o norte era ligado à Curitiba e o sul à Porto Alegre para suas homenagens e aplicações financeiras. Hoje falamos em Chapecó e todo oeste com intimidade e sensação de irmandade, coisa que na minha infância e juventude não existia. É bem verdade que a partir de Joaçaba era o território de “Cunha Porã” ( mulher bonita do guarani) obtido dos argentinos que depois foi anexado à Santa Catarina apesar de ter sido prejudicada com a perda do território do Iguaçu, rio que primariamente deveria ser nossa divisa com o Paraná. Muito tempo demorou a construção de trecho relativamente curto entre Lages e Campos Novos passando pelo antigo Carú hoje São José do Cerrito. Agora sim somos um corpo com espinha dorsal em total integração de leste a oeste. Seu papel é de tal maneira importante que atualmente já temos que programar e viabilizar a duplicação pelo menos até a rodovia BR 116 pois a sua necessidade é evidente. O litoral e Florianópolis compõem extensa área turística e a 282 é o caminho para esta atividade que é praticada utilizando em grande número, veículos uni familiares com carros de pequeno porte além de ônibus e caminhões que se utilizam dela e a congestionam de forma importante, impondo o sacrifício de viagem lenta com o perigo da imprudência dos “corta fila”. O fluxo contrário também é real pela busca das belezas das serras. Ainda estão subaproveitadas as esculturas naturais da erosão eólica da região da Serra da Bocaina e outros acidentes geográficos de rara beleza como a Bela Vista, Boa Vista, Campo dos Padres, Aparados da Serra, algumas cachoeiras e corredeiras de rios além da sua rica Floresta Atlântica seguida pela de transição para finalizar na típica do planalto e toda sua fauna. Voltarei !

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