sábado, 23 de julho de 2011

Tainha

Tainha

rodrigodeca@gmail.com
É o nome genérico dado aos peixes da família dos mugilídeos que reúne 80 espécies divididas em 17 gêneros distribuídos em mares das regiões temperadas, foz de rios, lagoas e até em água doce. A que ocorre na costa brasileira tem o nome de “Mugil Cephalus”. É chamada de mugem, fataça ( Portugal), tainha ( Brasil), mulet ou muge (França). Diante de discussões no mundo científico que se ocupa destes nomes, em 1960 classificou de perciforme.
É conhecida a sua participação na alimentação humana através de relatos oriundos do Império Romano que dão conta do seu consumo em todo Mediterrâneo.
Aqui na nossa região a tainha tem imensa importância, econômica pelo resultado da comercialização do obtido na sua captura.
O aspecto social é muito grande com interferência em todas as camadas sociais de todo o litoral catarinense onde ela é pescada.
Desde a foz do rio da Prata onde se multiplicam migram em direção à lagoa dos Patos, onde tornam a multiplicarem-se. Quando as águas começam a esfriar elas migram buscando melhores temperaturas. Neste período suponho que aconteça em toda foz ou canal, o que se presencia no canal da Lagoa da Conceição em Florianópolis onde minúsculas tainhas entram vindas do mar para suas águas calmas. Em todo este trajeto há a desova com a conseqüente fecundação dos ovos e proliferação. Acontece no canal da Lagoa de Imaruí em Laguna onde os botos permanecem para se alimentar e a tainha é cobiçada por eles. Quando as perseguem conduzem-nas para as margens do canal onde os pescadores as apreendem com suas tarrafas muito bem manejadas que são atiradas, se abrem e afundam na água criando movimento de dança como um balé repleto de graça, cadencia e harmonia. Ali os botos são conhecidos por nome em razão de características individuais um deles era chamado de “galha torta” pelo defeito que apresentava nesta parte do seu corpo.
Nas praias existem as emendas constituídas por um grupo de sete pescadores, uma canoa bordada, grande rede, cabos e remos longos. Entre os pescadores dois se ocupam de unir os cabos (cordas) e jogar a rede ao mar, outros quatro remam em ritmo determinado pelo patrão que em pé na popa, se utiliza de remo curto para pilotar a canoa. Desta forma saem da praia e descrevem um semicírculo para cercar o cardume do peixe e arrastar até a praia.
As canoas esculpidas em um único tronco de garapuvu (SC) gaparuvu (RS), todas com nomes em geral homenageando alguém, são levadas ao mar sobre rolos, da mesma forma como são recolhidas.
O arrastão ocorre nas praias voltadas para o oceano onde nos dias em que a temperatura baixa traz as tainhas para próximo da praia e são avistadas de cima de morros ou pedras pelos olheiros que determinam o local do lanço.
Todos da comunidade participam ajudando no arrasto da rede.
Algumas vezes o volume de tainhas obriga a colocação de outra rede extra no bloqueio, evitando rotura e fuga dos peixes, logrando por vezes aprisionar algumas toneladas com trabalho para todo o dia.
Quando estão agrupadas na areia se debatem e respingam areia em todos que ali as cercam e instala-se uma verdadeira Torre de Babel, muitos falam para comprar, segurando as eleitas enquanto os pescadores falam todos ao mesmo tempo cuidando do troféu e seu quinhão é determinado pelo chefe da rede que grita ao mesmo tempo em que negocia com as pesqueiras. Estas sempre a postos nestas horas promovem a pesagem e transporte para comercializar e distribuir o pescado.
Elas quando aqui cruzam, estão gordas em trono de dois quilos parte com ovas e outras mais magras porque já desovaram, viajam até a altura d o Arquipélago de Abrolhos onde chegam a atingir ate 5 quilos antes de se perderem no oceano. Neste momento as tainhas estão magras, o que lhes rouba qualidade e sabor deixando a carne esfiapada como palha levando a perda do seu papel sócio-econômico como tem na nossa praia.
Tainhas quando não tem ovas e estão magras são conhecidas como tainha facão, pois apresentam a barriga fina como fosse uma lâmina.
Em Florianópolis é uma honra conseguir comer tainha do primeiro arrastão. O forte cheiro que exala ao ser frita ou assada denuncia seu consumo em todos os cantos da cidade. A população se mostra alegre porque a tainha chegou.

Referência-
Dados técnicos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tainha

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